Fogo de artifício... ou artificial.

No fim o que fica é ruído... de toda a gente abafada pelo seu próprio ruído. Puxa-se o seu volume para cima para o seu ego ouvir, talvez para ouvir aquilo que já sabe de cor e apenas se vai repetir para si mesmo. Reduzir, não! Não satisfaz. É mais fácil o ser artificial.

Amor é...

Amor numa tela preenchida de cores, em que não sobra cantos. ... e como todas as cores, desvanece com o sol, ganha brilho com a chuva... mela, endurece, abre fissuras... Dura tanto mais tempo quanto o substrato que o suporta!

O minuto como eternidade

Viver um minuto já, aqui e agora, como se não houve um seguinte, como se o seguinte não pudesse ser melhor que o anterior, como que o anterior nos dissesse o que preciso ser no seguinte. Viver em ciclo, rodopiando os minutos numa valsa. Sempre com a mesma perspectiva de quem fixa o olhar num relógio, apercebe-se que o tempo passa, que passa com muita perda de tempo, e só assim nos apercebemos do seu real valor. Assim se descobre melhor jóia da nossa riqueza.

As respostas

Se não tiver solução, na chuva aguardo as respostas, das quais não vale a pena fugir porque assim não as vou alcançar.
Ir contra elas também não vale a pena. Que sejam as que me esperam.

Hoje... por duas vezes...

Não interessa o motivo, apenas senti que não controlei, que estava predestinado.
Se essa é a reacção natural apenas tenho de a entender, perceber que faz parte de mim e se não gosto do resultado significa que estou a deixar entrar em mim o exterior, que apenas se preocupa consigo. E fraqueza não é vergonha mas lá está que o orgulho exige esconder...

Numa noite

Por um tempo que se corre atrás
Espaço perdido que se ocupa
Em inverso de uma vontade
Sem saber porquê

Já não resta qualquer duvida que se esconda
Não foram só pegadas na areia
O que está feito, está feito
Voltar atrás não apaga.

O espetáculo da chuva

Por muito mal amada que seja a chuva, a sua cor de prata não deixa ninguém indiferente. O seu som constante de continuo, ritmado por diferentes tons, em todo lado, em todas as coisas que cai. Por detrás de um cobertor, agarrado a uma chávena quente, à janela dentro de casa, somos embalados pela pequenez em que ficamos com a sua presença... pela sua actuação. É simplesmente o espetáculo útil!

Cheiro da terra molhada

O outono chega como quem diz: "É a minha vez agora??"; mas responde baixinho com um sorriso: "Nã! Mais um calorzinho. Mas para que não se esqueçam que cheguei ergo as mãos, escapando entre os dedos gotas de água de outono." A terra molha-se.
O seu perfume invade as narinas de quem passa, de quem pára, de quem não escapa a gotas escorrendo pela face.
Decidi parar a contemplar!

S.Pedro

Como uma qualquer festa popular, todas são por si só tradicionais, para o povo, para nós... As ruas enchem-se de pessoas, ouvem-se cantigas típicas, sente-se o cheiro dos doces, das sardinhas, o ruído das pessoas a falar por todo lado e as crianças, lindas, correm e dão encontrões por entre a multidão... os sempre presentes foguetes!
O momento grava-se quando uma criança, de entre aqueles tantos adultos, sorri para ti! Segue-te com os olhos enquanto passa de mão com o adulto responsável até que, inevitavelmente, deliciado com a pureza da sua inocência lhe sorri também... o seu sorriso aumentou ainda mais! A criança foi-se na multidão e o pressentimento que aquela criança não te vai esquecer, por ventura pretender ser adulto admirado como fui é legítmo!
Eu, por ventura, desejei ser criança... para puder ver os adultos mais puros!